Página do diário 1 mês após o abraço.
Por longos 20 anos dessa minha vida tive que sorrir, mesmo com as dores da perda (e foram tantas dores) e fingir que estava feliz, mesmo quando essa felicidade parecia irreal ou como um sonho.
Não me entenda errado. Não é que eu não fosse feliz, mas os momentos "felizes" pareciam irreais em meio a tantas brigas, discórdias e discussões.
Sou o filho mais novo de 7 filhos (4 homens e 3 mulheres), quando meus pais morreram, minha irmã mais velha veio para me criar. Ao contrário da minha mãe que era doce e amável, minha irmã era braba e passou mais de 10 anos brigando com todos os meus irmãos por causa da nossa "herança" - uma casa velha e malcuidada. O único local onde eu me sentia feliz e completo era quando lutava ou brigava com alguém. Nessas horas, eu me sentia livre, forte, podendo fazer tudo. Como um herói.
Acredito que muitas pessoas, se tornariam tímidas ou retraídas se vivessem no mesmo ambiente que eu vivi - ouvindo palavras do gênero "eu não sei porque estou batendo em você, mas você certamente sabe porque está apanhando", vendo seus irmãos brigarem por um pedaço de nada e sendo ofendido diariamente.
Mas eu não.
Decidi usar minha raiva e ódio contra eles de uma outra forma. Decidi que me tornaria uma boa pessoa, seria rico e generoso, lutaria pelo bem das pessoas e tentaria transformar o mundo em um lugar melhor - me tornando uma pessoa muito melhor do que qualquer um deles já foi.
A não-vida trouxe mais meios para eu cumprir esses objetivos, ganhei força, resistência, poderes para observar melhor as coisas.
Mas isso é conversa para outra hora. Meu treinador (um Toreador Maluco), está vindo para seguir com meu treinamento.