domingo, 9 de março de 2014

Crônicas Vampirescas - Kuwabara V (ou VI)

Mais uma vez, nosso adorado e um tanto atrapalhado personagem volta com suas histórias. Numa prova de que a Trama existe, tanto eu quanto o Ton, estavámos pensando em dar múltiplas personalidades ao personagem. Essa é a minha proposta.
ps.
Não parei de escrever, apenas ando esquecendo de publicar. Um dia, até o fim do ano, eu publico tudo o que eu ando escrevendo.
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Acordo. Dor de cabeça. De novo tudo preto. Isso já está se tornando um péssimo hábito. Se tivessem me tido que o grande problema da condição vampírica é que você não consegue ter uma maldita noite de sono normal, teria pensado duas vezes antes de querer ser transformado...
Pensando bem, eu não quis ser transformando.
Me levanto. A dor diminui. Não tenho ideia de onde estou. Resolvo dar uma checada geral para tentar entender o que está rolando. Estou vestido, sem arma, com o colar de lágrima, usando um all-star botinha vermelho numa trilha de tijolos dourados. Ótimo, quem organizou isso tem um bom senso de humor. Escolho um dos lados e começo a andar.
Após algumas horas [minutos?] de caminhada, vejo uma pequena fonte de luz. Deve ser meu objetivo mas não faço questão de apressar o passo. Se fui colocado tão longe do meu alvo, que meu alvo espere.
Chego mais perto, vejo que meu objetivo é um anão (ou uma criança) que está olhando para o lado, para fora da trilha. Apesar do tamanho, ele parece estar muito concentrado, com as mãos entrelaçadas atrás das costas e olhar pensantivo.
Ela, porque agora já consigo ver que é mesmo uma criança que está vestindo a mesma roupa que eu (apesar de haver algo estranho no conjunto todo). Quando fico a uns quatro metros dela, a pequena criança fala:
- Você demorou.
Não posso perder a chance de uma boa sacada e respondo:
- Você é quem me convou para longe daqui.
Ele suspira. Nenhuma resposta. Acho que é um a zero para mim. Ele faz um sinal para eu me aproximar e ver o mesmo que ele.
O cenário que ele me mostra poderia ter sido montado por algum paranóico por simetria. Vejo sete caixões iguais, dispostos em círculo. Dentro desse círculo tem uma cama que parece se alterar, mais ou menos como aqueles tazos de duas imagens, ora parecendo a cama da minha infância com detalhes de anjos (a diferença é que os anjos estavam presos com correntes) ora parecendo com o leito que eu acordei quando me transformei (com gárgulas no lugar dos anjos).
Em cada caixão, onde normalmente fica a janelinha para mostrar o defunto, há uma placa de pedra. Nessas placas, está litografado os símbolos de cada clã: a rosa, o espelho quebrado, a cabeça de cachorro, a máscara triste, as formas geométricas, o 'A' invertido e o cetro.
- O que é isso? - Pergunto para a criança.
- Acalme-se. Logo as respostas chegarão, mas você ainda não viu tudo. - Ele esticou o dedo, e pude ver que a roupa era uns dois números maiores do que ele, como se tivesse ganho de um irmão mais velho. - Veja um pouco acima dos caixões.
Seguindo a direção do dedo, vi que pequenas esferas coloridas acima dos caixões - Salvo na cama, pois a esfera da cama era de duas cores preto e branco. Cada caixão tinha a sua e elas mudavam de cor como as luzes de natal (aparentemente sem nenhuma ordem em especial). Uma dessas esferas, nunca mudava de lugar - o caixão malkaviano - e era a única com um desenho dentro dela. Com mais atenção, percebi que a esfera era de cor verde e o desenho lembrava muito um sanduíche de ovo feito com uma caneta muito grossa.
- Vá além dessas projeções mexicanas vagabundas. Deixe sua mente flutuar pelos padrões.
Fiquei encarando o sanduíche.
- Deixe as cores, o símbolo, a situação, te envolver.
Aquilo continuava parecendo um sanduíche de ovo.
- Você está perto da noite mais densa. Não temos tempo a perder. Abra os olhos da mente.
Noite mais densa. Claro. Como pude ser tão cego? No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá ante a minha presença, todo aquele que venera o mal há de penar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentarAs cores, cada uma delas representa uma das cores do arco-íris, cada uuma representa uma das tropas, então cada uma também deve representar um sentimento.
- Vejo que finalmente você começou a entender. - Ela diz me encarando com verdadeira paixão nos olhos. - Respondendo a sua pergunta, aqueles, assim como eu e você, são você, apesar de não serem. Eu não tenho tanta certeza da causa - ele começou a divagar - mas, creio que seja uma mistura da solidão, medo de lidar com as pessoas e dificuldade para realizar certas tarefas que deram a semente de nascença para as suas outras personas. Contudo, tenho certeza que foi o Sangue, a Rede e a convivência com os seus iguais que deram a forma para eles.
Continuei fitando e tentando absorvar o máximo de informação que aquela cópia/irmão/outro-eu/mini-eu tentava me passar. E ele contina: - Cada um dos caixões representa uma personalidade, uma identidade totalmente nova, com medos, angústias, forças e fraquezas próprias. Cada um deles terá um grande motor moral que irá conduzir as suas atitudes. Esse motor está ligado com as cores e símbolos que você viu: força de vontade, amor, esperança, compaixão, ira, esperança e ganância. Contudo, eles ainda não estão completos. Talvez algumas dessas personas nem cheguem a ser concluídas. Para elas crescerem, você precisa alimentar elas. Quanto mais atenção e força você dá, mais forte e definida a persona fica. Você tem mais alguma pergunta?
- E a cama, o que ela representa?
- Ahh, como pude esquecer das camas... - Um sorriso corta o seu rosto, aquele sorriso de quem ri de uma piada que somente ele entende e que está louco para compartilhar com as outras pessoas. - Assim como a Torre Negra fica no cruzamento dos 6 feixes de luzes, nós dois ficamos no cruzamento das personas. A cama representa as duas faces do seu ser. A humana e a vampírica. O Mortal e a Besta. A Sensatez e a Loucura. O yin e ou yang.
- E por que você está me mostrando isso?
- Ora, sou sua mente malkaviana, compartilhamos os pensamentos e desejos. Você quer saber como os membros da nossa família lutam. Estou mostrando uma das nossas nossas armas, uma das principais armas do nosso lado da família. Enquanto os seus adversários não souberem o que esperar, você sempre estará a um passo na frente deles. Quando chegar a hora luta, mude. Deixe cada persona fazer o que ela sabe que tem que fazer e confundir totalmente o adversário. 
- E como eu... - Ele me corta, levantando a mão e diz: - Não temos tempo para isso. Está quase na hora de você acordar. Fique tranquilo, sei que na hora certa, você saberá como agir.
O mundo começou a se desfazer. Do outro lado, senti alguém mexendo em mim. A última coisa que eu pude ver o meu eu livre dizer foi: - Quando todos estiverem prontos, teremos uma fila com os oito peões prontos e finalmente vamos começar a nossa partida. Até lá, adeus...

...E acordei