segunda-feira, 4 de junho de 2012

encontre o totem do palhaço, do vigilante e do pistoleiro

Acordo arfando. De novo esse sonho estranho, achei que após tanto tempo, eu já teria me acostumado a ele. 
...Tempo... 
Isso é algo que realmente faz as pessoas mudarem. Acho que é a única coisa que faz as pessoas mudarem. Ainda mais nesse mundo louco de pós-guerra.

Esfrego os olhos, ainda com a imagem daquele mendigo com aquela profecia estranha. Segundo ele, ao encontrar esse totem, eu iria encontrar minha irmã, Lia. 

Só de pensar no nome dela, uma explosão de sentimentos me vem a mente: a alegria dos nossos tempos de infância, a confiança do nosso companheirismo, a tristeza da morte do nossos pais, a culpa por permitir que ela fosse sequestrada, o desespero por todos esses anos de busca - meu Deus, se eu tivesse me encontrado com ela no horário certo, nada disso teria acontecido. 

é tudo minha culpa

Não posso permitir que esses pensamentos me enlouqueçam. Estou buscando esse totem a 6 anos e, se a guerra não me parou, não permitirei que minha mente o faça. 

Recolho os meus poucos pertences, um par de pistolas, um espingarda, um canivete, corda, um cantil meio cheio. comida para mais três dias e o mais importante, um retrato da minha irmã com 20 anos, linda, alegre e sorridente, um mês antes de ela ser sequestrada. Ela disse que estava com um mal pressentimento e não queria ficar sozinha, como eu pude ser tão idiota e ignorar o medo dela. É tudo minha culpa. 

Meio amuado, eu chego na minha moto, Preciosa, amiga fiel e companheira. Que vai me levar na única aldeia indígena que eu ainda não visitei. Aproveito para olhar para o horizonte, o sol está nascendo. Hoje será um longo dia.

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