quarta-feira, 12 de junho de 2013

Crônicas Vampirescas - O Sonho - Pt. 2


Após acordar em um lugar que mais parecia a arena de um torneio, encontrar um cosplay de Yukina e enfrentar um cosplay de Kuwabara de Yuyu Hakusho, nosso herói Kuwabara recebeu uma espada energética na cabeça. Será esse o fim do herói de conto mais querido desse blog? O que será que existirá no outro lado da não-vida vampírica? Será que ele vai parar para pensar sobre o quão estranha é toda essa situação? Não percam as cenas do próximo capítulo de Crônicas Vampirescas
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Abri os olhos. Estava em um lugar. Tudo escuro. Coloquei a mão na minha cabeça, onde a lâmina havia acertado e não senti nenhuma marca. Isso é bom. Não sei se é por causa de alguma relação com a minha condição vampírica, mas acredito que estar morto não é tão diferente de estar vivo. Bem, ao menos tão vivo quanto um vampiro está vivo e o fato de eu já estar meio morto ajudou bastante no fato de eu aceitar o fato de eu me tornar totalmente morto.
Dei uma olhada em todo o mundo que me cerca e notei que apesar de toda a escuridão, eu conseguia ver uma pequena criança (adolescente?) de cabelos verdes agachada, cutucando alguma coisa com um pedaço de graveto. Me aproximei e me agachei ao lado dela. Ela se virou para mim e perguntou:
- Você realmente acha que isso é a morte?
- Sim. Não o é?
Ao invés de responder a minha pergunta (ao que parece que ninguém se importa muito em responder as minhas perguntas), ela pegou na minha mãe e disse: - Venha, quero te mostrar algo.



Senti uma forte vertigem e o mundo ao meu redor começou a se dissolver e ganhar nova forma. Um dia ensolarado foi se formando. Estávamos no parque do Ibirapuera. No instante em que vi as pessoas passando, lembrei-me do dia. 
Foi uma passeio que eu fiz com a minha família quando eu tinha 6 anos. Pude relembrar bem todas as cenas e todas as situações. Eu indo com a minha família, o passeio no parque, mamãe me ensinando a rezar, meus irmãos preparando o picnic e o gato. 
Nesse dia, durante a volta, encontramos uma garotinha chorando porque tinha perdido o gatinho dela. Por acreditar na importância de fazer boas ações e de cultivar um bom karma, minha mãe decidiu que nós iríamos ajudar aquela garota. 
Começamos o trabalho e após uns 40 minutos de busca, fui eu quem o encontrou. Ele estava no topo de uma árvore. Ao avistá-lo, decidi subir na árvore para buscá-lo e consegui fazer com que ele descesse.
Após o gato ir para o chão, lembrei que eu tinha medo de altura e comecei a chorar por medo de ficar preso e ser abandonado ou cair. As últimas imagens dessa cena – antes do ambiente se dissolver – foi de o meu pai subindo na árvore para me resgatar e minha irmã mais velha me caçoando pois "o grande herói precisou ser salvo".
Enquanto aquela cena se desfazia a Cabelos Verdes disse: - Quando você era pequeno, você se importava mais com os outros do que com você mesmo. Essa era uma das suas fontes de forças.


A cena seguinte é de uma conversa que eu tive com o meu pai, quando ele foi me dar boa noite e estava tentando explicar conceitos complexos sobre a vida, o universo e tudo mais. Eu tinha 9 anos. Três mendigos haviam pedido esmola para o meu pai. Para um ele deu comida, para o outro dinheiro e para o terceiro ele deu uma bronca e ralhou muito. Eu não entendia a diferença de reações.
Com muita paciência ele tentou mostrar que mundo não era dividido por pessoas totalmente boas e pessoas totalmente más. Cada pessoa tinha as suas motivações e precisávamos saber lidar com cada uma delas. Pois uma pessoa pode pedir dinheiro porque precisa comprar comida, a outra pode mentir porque quer bebida e uma terceira pode pedir porque não reconhece a sua capacidade.
Um pouco antes de dormir, já meio sonolento, perguntei: - Pai, o que é que faz um herói?
- Essa é uma pergunta difícil de responder. Você precisará buscar a sua resposta. Para mim, herói é aquele que defende os mais fracos daqueles que são mais fortes e querem abusar dessa força. Mas nem sempre é fácil saber quem é o mais fraco, ou quando você deve tomar em uma disputa. É sempre bom ouvir o seu coração para saber o que você deve fazer.
Então, mais uma vez o mundo se desfez e eu ouvi a voz infantil e feminina: - Quando não souber como agir ou que lado tomar, ouça o seu coração. Desse modo, você agirá conforme o que você acha ser o certo.


Mudamos para uma das cenas que eu jamais esqueci e que eu acredito que jamais. Eu com 11 anos, arrumando as cadeiras do glorioso Kuwabara's sushi - A melhor comida oriental do Brasil - no fim do expediente. 
A porta estava fechada. Ao menos era a minha função fechar a porta, mas ela não estava realmente fechada. Entram 3 homens grandes e fortes. Eles queriam o dinheiro e trancaram toda a família (a família que trabalhava no restaurante) no banheiro. 
Como o movimento tinha sido fraco, eles ficaram muito irritados e resolveram descontar as frustrações na gente. Houve algum tumulto e um deles deu um tiro para o teto para assustar a gente. Contudo, o tiro ricochetou e acertou o meu pai. Isso deixou os ladrões assustados que resolveram partir em retirada. Antes de eles fugirem, ainda deram dois tiros a esmo. Os tiros teriam acertado em mim, se minha mãe não tivesse se jogado na minha frente e servido como escudo humano. Ela morreu nos meus braços, com uma cara assustada, mas feliz por eu estar bem.
Enquanto a cena se dissolvia, eu notei que estava chorando lágrimas de sangue. Minha guia olhou para mim e, meio sem jeito, me abraçou e falou no meu ouvido: - Uma das coisas que faz um verdadeiro herói é estar disposto a fazer qualquer o que for necessário para proteger aqueles que ele considera importante. - Após algum tempo, ela continuou – Vamos, está quase acabando.

A última cena não foi realmente uma cena. Foi uma sequência de cenas. Todas elas são de após eu vir morar em Florianópolis. São cenas do meu treinamento com Tengu e Karasu, de reuniões com X,Y,Z, de conversas (que quase sempre terminavam comigo apanhando) com a Flô, idas a Toca do Corvo para conversar com a Rose e a Tora, missões que eu recebia do Ling, entre outras coisas...
Estava ficando quase tonto com tantas mudanças, quando terminamos. Por fim, minha guia (ela deveria ter uns 15 anos e eu a conhecia de algum lugar) disse: - a sua força vem de vários lugares diferentes, descubra como extrair essa força e você se tornará invencível.
Ela ficou em pé, me levantou, me abraçou e disse com um sorriso malicioso: - Estou aguardando ansiosa pelo nosso encontro. - Deu um leve beijo nos meus lábios e completou – Será um encontro inesquecível.
E tudo se dissolveu, inclusive eu e ela.

Crônicas Vampirescas - O Sonho - Pt. 1


Nota: Esse é um pequeno spin-off sobre as aventuras do nosso bom e velho amigo Kuwabara. Á priori, ele não faz parte da história, mas vou tentar convencer o Ton a usá-lo como parte de um sonho (isso ajudará o nosso herói a não ter pesadelos com tentáculos). Esse é o primeiro post que será anunciado no FB. Boa sorte para mim xD

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Abri os olhos e notei que que tinha acordado em qualquer lugar menos na minha cama, ou mesmo, na minha casa. Com uma rápida observação, notei que estava em um local bem exótico.
Me levantei e observei que toda a região é infinitamente plana, com um céu sem nuvens, sem barulhos, apenas as estrelas e uma pálida lua cheia me faziam companhia. Acredito que se não fosse meu auspícios, teria muita dificuldade em seguir qualquer caminho. Sem qualquer critério, escolhi uma direção aleatória e comecei a andar para ver se encontrava alguma coisa. Caminhando, pude perceber que o chão era formado por blocos de algum tipo de pedra quadrangular porosa de um metro de lado. Me pergunto o trabalho que deve ter sido colocar tantas pedras juntas uma do lado da outra.
Após caminhar por horas (ou minutos, pois a lua estava no mesmo lugar), pude avistar ao longe uma região ligeiramente mais clara que as outras. Como se existisse alguma tocha ou fogueira naquele lugar. Como sou da teoria que mesmo uma novidade ruim é melhor do que nenhuma novidade segui em direção à luz.
Depois de uma caminhada que durou horas (ou minutos), pude ver melhor o meu alvo. Parecia ser uma moça sentada na posição tradicional oriental dentro de um círculo de velas. Ao me aproximar mais, pude – graças ao meu maravilhoso auspícios – notar bem os traços dela, bem como deduzir as suas cores, mesmo com a luz rubro-amarelada das velas.
Minha distante amiga tinha cabelo comprido, azul, com um pequeno enfeite vermelho que permitia que um par de mechas ficassem pela frente dos ombros, sua pele era clara e estava usando um yukata azul claro, com uma faixa azul escura e ela parecia estar extremamente concentrada olhando para o distante. Ficando a quase 2 metros dela, percebi mais detalhes que chamavam a atenção: ela parecia não notar a minha presença, os olhos eram profundamente roxos, as mãos dela seguravam com força um pequeno colar em forma de lágrima e - o mais importante de tudo - eu tinha a estranha sensação de já ter visto ela de algum outro onde ou de algum outro quando.
Pensei em esticar a minha mão para tocar na minha nova amiga para tentar entender onde eu estava ou o que estava acontecendo. Quando ia me mexer para realizar essa simples tarefa, uma voz grossa fez eu mudar de ideia. Ela disse: - Não se atreva a colocar suas mãos imundas nela. Já é um ultraje você ter chego tão perto.
Virei para a direção de onde vinha a voz e vi um japonês alto (algo em torno de 1.78), calçando coturno, um conjunto de calça e sobretudo aberto brancos, uma faixa protetora ao redor do abdômen e um topete à la Elvis ruivo. Ele empunhava uma katana cujo o tipo de lâmina eu conhecia bem, contudo a arma dele possuía um brilho alaranjado – em contraste com o brilho azul das minhas ninja-tō. Ele seguiu com a sua intimidação:
- Nenhuma pessoa que tenha não boas intenções deve se aproximar tanto. Então pergunto – ele levantou a sua espada em uma guarda ofensiva – quem são os seus inimigos?
Era a segunda vez que me perguntavam isso e, de novo, eu não tinha certeza da resposta. Quem realmente é meu inimigo? Contra quem realmente eu estou lutando?
- Eu não sei – tentei responder com o máximo de sinceridade.
- Resposta errada.
Ele avançou tencionando dar um golpe verticalmente. Felizmente, para meus reflexos aprimorados tal golpe era fácil de esquivar. Fiz isso desviando lateralmente e invocando minhas armas, o Raio e o Trovão, em forma de espadas ninja. Com tal manobra, ele ficou entre eu e minha amiga mas uma vantagem, pois ele ficou de costas para mim.
Sem perder nenhum tempo, parti para a ofensiva, energizando as minhas espadas e desferindo uma dupla estocada na direção das costas dele. Era um golpe fácil, deixar as costas expostas é um erro e deixar as costas expostas quando o seu adversário é mais rápido do que você é um erro fatal. Bem, ao menos era para o golpe ser fatal, mas de alguma forma ele conseguiu girar em torno do próprio eixo e aparar o golpe. Trocamos mais uns 10 ou 15 golpes com ele sempre aparando ou esquivando de golpes que eu tinha certeza de serem indefensáveis.
Durante uma pequena pausa nos ataques, ele anunciou: - Você se aliou a espíritos fortes, mas você não sabe usá-los e você é fraco. A melhor katana se torna inútil se colocada em mãos de um novato. Por mais que você se ache forte, você continua sendo fraco.
Com essa frase, o estilo de luta dele mudou totalmente. Ele passou a adotar uma postura ofensiva, me atacando fisicamente e  mentalmente com perguntas que eu não sabia como responder.
- Quem é o seu inimigo?
- Por que você luta?
- De que lado você está?
- O que é importante para você?
- De onde você tira a sua força?
- O que você está disposto a sacrificar nessa guerra?

Cada frase era seguida de um golpe. 
Cada golpe era seguido de uma frase. 
A cada frase ou golpe, minhas espadas e meu corpo ficaram mais pesados tornando as esquivas mais difíceis. Quando finalmente, o inevitável aconteceu. Com um golpe, ele conseguiu me desarmar completamente.
Estava diante dele, alto, ruivo e com uma espada energética erguida e prestes a me cortar ao meio. Pensei comigo mesmo, é uma pena morrer antes da guerra começar, mas ao menos morrerei em uma luta.
Senti a lâmina passando pela minha cabeça, o sangue escorrendo dela, meu corpo caindo, tudo escurecendo. Meu derradeiro pensamento antes de morrer foi que finalmente minha amiga tinha notado minha presença e me fitado com os olhos roxos.