terça-feira, 19 de agosto de 2014

Crônicas Vampirescas - Kuwabara e Emanuele I Pt. 1

Em todos esses meus seis anos como vampiro, aprendi que existem vários sinais que demonstram que a noite será terrível: acordar e ser atacado, acordar e encontrar alguém encarando você com cara de mal, acordar e encontrar uma arma encarando você, etc...
Mas, são poucas as coisas que dão um sinal tão claro quanto você acordar e ver que seu corpo acordou bem antes do e está caçando, sendo que você não faz ideia de quem é que está controlando-o. 
Como vocês conseguem imaginar, foi bem assim que eu comecei minha noite. Com a boca no pescoço de um cara grande, forte e com um chapéu engraçado. Para meu espanto, todas as personas conhecidas estavam no backstage junto comigo. Isso só significava uma única coisa, problema novo. Esperei o meu outro eu terminar de se alimentar, me aconcheguei no trono do rei e fiquei tentando absorver ao máximo sobre meu novo companheiro.

Existem poucas coisas melhores do que acordar após um looooongo sono, ter uma boa foda e sangue à vontade. Parece que fiquei dormindo por tanto tempo que sinto vontade de mergulhar não somente as minhas presas, mas todo o meu corpo nesse pescoço e ir aproveitando cada milímetro de pele desse marinheiro. Infelizmente, tenho pouco tempo livre. Estou de volta à América e tenho um mundo para conquistar.
Termino de me alimentar. O gado me serviu bem. Sigo ofuscada pelas sombras. Estou procurando uma senhora indefesa que se compadeça de alguém que foi assaltado. A história que irei contar para ela é tão ruim que poderia ganhar um Oscar de melhor enredo. Sigo olhando as pessoas, quando ouço uma voz falando comigo:
- Hey, vá para um lugar reservado para podermos conversar.
A voz parecia estranhamente familiar e vindo da minha cabeça. Deixando meus planos de lado, entro no primeiro beco que eu encontro e me jogo nas latas de lixo. 

Ótimo. Ele parece não ter me ignorado. Não quero nem pensar nos problemas que eu teria se ele não quisesse falar comigo. Não consegui absorver muita coisa sobre meu novo companheiro. Vi que o rosto dele parece todo cortado e cheio de cicatrizes (acho que ele é do tipo brigão), ele se move com uma grande graça como se estivesse flutuando e possui olhos atentos.
Espero ele se sentar.
Latas de lixo.
Ele realmente tem influência de nosferatus. Dou algumas instruções no backstage e tento iniciar nossa conversa.

Me aconchego. Ouço aquela voz conversar com o vazio ou com pessoas que ele parece ter certeza que estão ouvindo:
- Remy, meu bispo, caso alguém apareça e nos veja aqui, tente desconversar e fazer ela sumir. - Finalmente me lembro de onde conheço essa voz. Claro, fui tão estúpida. 
- John, meu cavalo, se ele falhar e precisarmos de chumbo, você se torna responsável pela nossa segurança. - Num instante, todas as memórias dos últimos dias vieram a mente. Os trabalhos, as conversas, os personagens, as vozes, a transformação...
- Sensei, minha rainha, na minha ausência, você é responsável por tudo e por manter o corpo em ordem.

Depois de passar as instruções, ficou aqueles segundos de um silêncio constrangedor. Ele parecia mais ansioso para conversar comigo, mas eu não sabia como começar o papo. Afinal, não é todo dia que você nota que o seu cérebro se partiu mais um pouco. Fiz a primeira pergunta que me veio à mente:
- Você me reconhece por quem sou e pelo o que faço?
- Sim. - A voz dele é bem mais doce e suave do que eu esperava, não combina em nada com o local que estamos ou com o seu rosto.
- E o que você vê em mim?
- Você é Michael Kuwabara, filho mais novo dos vendedores de macarrão que presenciou a morte dos pais e tentou se tornar um justiceiro por causa disso.
Ok.
Ok..
Ok...
Céus. Nada ok. Ele realmente sabe quem eu sou. Ou pelo menos acha que sabem. Ignorando as outras perguntas que tinha preparado mentalmente (coisas do tipo quem é você e o que você faz), resolvo ir direito para o que é mais importante. 
- Como você sabe quem eu sou?
- Ora, benzinho. Fui quem criou você.

Ele não conseguiu disfarçar o choque ao descobrir a verdade. Pobre Kuwabara, sempre foi tão nobre mas tão ingênuo em seus ideais. Tolo curioso. Vou conseguir incomodar muito ele por causa disso. Começo, debochando dele e repetindo o que ele disse, numa ótima imitação, digo: 
- Imagino que você tenha uma história que queira me contar. - Volto ao meu tom normal - Sim, você imagina. Assim, como quase tudo na sua vida, você só vai ficar na imaginação.

Que pessoa irritante. Já to de saco cheio desse tipo de coisa e de pessoas achando que podem me dar ordens dentro da minha cabeça. Pego ela pelo pulso e levo-a à força para algum quarto no backstage. Espero que o Remy não seja estúpido a ponto de querer sair do local onde estamos escondidos. 
Dentro da minha própria mente, cada persona assume uma aparência e roupas verdadeiras sem as limitações do mundo externo. Nesse ponto, tive a primeira surpresa sobre meu novo companheiro. No fim das contas, ele é ela. Ela tinha um cabelo escuro e liso que ia até o ombro, lábios carnudos, olhos castanhos e um sorriso infintamente debochado.
- Uuull. Pelo visto, você andou ficando mais machinho nesse tempo que eu passei dormindo.
Sei que ela fala isso me incomodar e tentar fazer o sair do sério. Não vou cair assim tão facilmente. Uso meu olhar mais gélido e ordeno.
- Me conte a sua história.
- Ah, quanta frieza e poder - ela leva as mãos a boca numa caricatura de impressionada. Ela vem caminhando suavemente até perto de mim. Perigosamente perto. Nossos narizes estão quase se tocando e isso não parece incomodá-la. - Você sabe como dizem: conhecimento nunca vem de graça. Você está disposto a sacrificar parte da sua sanidade para saber mais sobre mim?

Hmmm... Que gostosinho. Faz tempo que eu não o sinto em meus braços. O tesão é grande e a forma como ele sorri ante a minha pergunta, só ampliou a vontade que estou de fuder com ele a noite toda. Mas preciso me controlar. Para jogar com Kuwabara é necessário fazer ele crer que não está controlando nada, mesmo quando quem está perdendo o controle e subindo pelas paredes são eu.

- Ótimo - riu ela mais uma vez - A sua curiosidade, ainda vai matar você. Mas que, é Emanuele Redcliff para dizer como qualquer um deve viver a própria vida?
Num movimento rápido, ela segurou minhas mãos e me empurrou contra uma parede que até alguns instantes atrás não estava ali, lambeu minha orelha e continuou:
- Seja bem vindo ao inferno, garoto. Eu serei sua guia.

Crônicas Vampirescas - Fotos do Time Todo

John Dean




Stephanny Todd

Remy Poirot

Norioshi Kasuke

Julius Basi

Emanuele Redclieff

Yohan George



Jean Dechain

domingo, 9 de março de 2014

Crônicas Vampirescas - Kuwabara V (ou VI)

Mais uma vez, nosso adorado e um tanto atrapalhado personagem volta com suas histórias. Numa prova de que a Trama existe, tanto eu quanto o Ton, estavámos pensando em dar múltiplas personalidades ao personagem. Essa é a minha proposta.
ps.
Não parei de escrever, apenas ando esquecendo de publicar. Um dia, até o fim do ano, eu publico tudo o que eu ando escrevendo.
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Acordo. Dor de cabeça. De novo tudo preto. Isso já está se tornando um péssimo hábito. Se tivessem me tido que o grande problema da condição vampírica é que você não consegue ter uma maldita noite de sono normal, teria pensado duas vezes antes de querer ser transformado...
Pensando bem, eu não quis ser transformando.
Me levanto. A dor diminui. Não tenho ideia de onde estou. Resolvo dar uma checada geral para tentar entender o que está rolando. Estou vestido, sem arma, com o colar de lágrima, usando um all-star botinha vermelho numa trilha de tijolos dourados. Ótimo, quem organizou isso tem um bom senso de humor. Escolho um dos lados e começo a andar.
Após algumas horas [minutos?] de caminhada, vejo uma pequena fonte de luz. Deve ser meu objetivo mas não faço questão de apressar o passo. Se fui colocado tão longe do meu alvo, que meu alvo espere.
Chego mais perto, vejo que meu objetivo é um anão (ou uma criança) que está olhando para o lado, para fora da trilha. Apesar do tamanho, ele parece estar muito concentrado, com as mãos entrelaçadas atrás das costas e olhar pensantivo.
Ela, porque agora já consigo ver que é mesmo uma criança que está vestindo a mesma roupa que eu (apesar de haver algo estranho no conjunto todo). Quando fico a uns quatro metros dela, a pequena criança fala:
- Você demorou.
Não posso perder a chance de uma boa sacada e respondo:
- Você é quem me convou para longe daqui.
Ele suspira. Nenhuma resposta. Acho que é um a zero para mim. Ele faz um sinal para eu me aproximar e ver o mesmo que ele.
O cenário que ele me mostra poderia ter sido montado por algum paranóico por simetria. Vejo sete caixões iguais, dispostos em círculo. Dentro desse círculo tem uma cama que parece se alterar, mais ou menos como aqueles tazos de duas imagens, ora parecendo a cama da minha infância com detalhes de anjos (a diferença é que os anjos estavam presos com correntes) ora parecendo com o leito que eu acordei quando me transformei (com gárgulas no lugar dos anjos).
Em cada caixão, onde normalmente fica a janelinha para mostrar o defunto, há uma placa de pedra. Nessas placas, está litografado os símbolos de cada clã: a rosa, o espelho quebrado, a cabeça de cachorro, a máscara triste, as formas geométricas, o 'A' invertido e o cetro.
- O que é isso? - Pergunto para a criança.
- Acalme-se. Logo as respostas chegarão, mas você ainda não viu tudo. - Ele esticou o dedo, e pude ver que a roupa era uns dois números maiores do que ele, como se tivesse ganho de um irmão mais velho. - Veja um pouco acima dos caixões.
Seguindo a direção do dedo, vi que pequenas esferas coloridas acima dos caixões - Salvo na cama, pois a esfera da cama era de duas cores preto e branco. Cada caixão tinha a sua e elas mudavam de cor como as luzes de natal (aparentemente sem nenhuma ordem em especial). Uma dessas esferas, nunca mudava de lugar - o caixão malkaviano - e era a única com um desenho dentro dela. Com mais atenção, percebi que a esfera era de cor verde e o desenho lembrava muito um sanduíche de ovo feito com uma caneta muito grossa.
- Vá além dessas projeções mexicanas vagabundas. Deixe sua mente flutuar pelos padrões.
Fiquei encarando o sanduíche.
- Deixe as cores, o símbolo, a situação, te envolver.
Aquilo continuava parecendo um sanduíche de ovo.
- Você está perto da noite mais densa. Não temos tempo a perder. Abra os olhos da mente.
Noite mais densa. Claro. Como pude ser tão cego? No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá ante a minha presença, todo aquele que venera o mal há de penar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentarAs cores, cada uma delas representa uma das cores do arco-íris, cada uuma representa uma das tropas, então cada uma também deve representar um sentimento.
- Vejo que finalmente você começou a entender. - Ela diz me encarando com verdadeira paixão nos olhos. - Respondendo a sua pergunta, aqueles, assim como eu e você, são você, apesar de não serem. Eu não tenho tanta certeza da causa - ele começou a divagar - mas, creio que seja uma mistura da solidão, medo de lidar com as pessoas e dificuldade para realizar certas tarefas que deram a semente de nascença para as suas outras personas. Contudo, tenho certeza que foi o Sangue, a Rede e a convivência com os seus iguais que deram a forma para eles.
Continuei fitando e tentando absorvar o máximo de informação que aquela cópia/irmão/outro-eu/mini-eu tentava me passar. E ele contina: - Cada um dos caixões representa uma personalidade, uma identidade totalmente nova, com medos, angústias, forças e fraquezas próprias. Cada um deles terá um grande motor moral que irá conduzir as suas atitudes. Esse motor está ligado com as cores e símbolos que você viu: força de vontade, amor, esperança, compaixão, ira, esperança e ganância. Contudo, eles ainda não estão completos. Talvez algumas dessas personas nem cheguem a ser concluídas. Para elas crescerem, você precisa alimentar elas. Quanto mais atenção e força você dá, mais forte e definida a persona fica. Você tem mais alguma pergunta?
- E a cama, o que ela representa?
- Ahh, como pude esquecer das camas... - Um sorriso corta o seu rosto, aquele sorriso de quem ri de uma piada que somente ele entende e que está louco para compartilhar com as outras pessoas. - Assim como a Torre Negra fica no cruzamento dos 6 feixes de luzes, nós dois ficamos no cruzamento das personas. A cama representa as duas faces do seu ser. A humana e a vampírica. O Mortal e a Besta. A Sensatez e a Loucura. O yin e ou yang.
- E por que você está me mostrando isso?
- Ora, sou sua mente malkaviana, compartilhamos os pensamentos e desejos. Você quer saber como os membros da nossa família lutam. Estou mostrando uma das nossas nossas armas, uma das principais armas do nosso lado da família. Enquanto os seus adversários não souberem o que esperar, você sempre estará a um passo na frente deles. Quando chegar a hora luta, mude. Deixe cada persona fazer o que ela sabe que tem que fazer e confundir totalmente o adversário. 
- E como eu... - Ele me corta, levantando a mão e diz: - Não temos tempo para isso. Está quase na hora de você acordar. Fique tranquilo, sei que na hora certa, você saberá como agir.
O mundo começou a se desfazer. Do outro lado, senti alguém mexendo em mim. A última coisa que eu pude ver o meu eu livre dizer foi: - Quando todos estiverem prontos, teremos uma fila com os oito peões prontos e finalmente vamos começar a nossa partida. Até lá, adeus...

...E acordei

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Poemas niilistas em cem palavras

Ele esticou as pernas,
recostou na poltrona,
olhou para a janela.
Amanhã vou levar a vovó para visitar àquela amiga.
Então, morreu.


Ela ganhou na loteria,
vencedora única,
poderia ajudar os netos,
viajar para ver os parentes e
finalmente fazer o um novo canteiro para as flores.
O velho coração não aguentou e morreu.


Ele caminhava com a prancheta e caneta na mão,
fazendo anotações para os próximos poemas.
Não viu a pedra solta.
Escorregou e caiu de joelhos.
Tentou apoiar a prancheta para se levantar,
escapou,
caiu de novo, quebrou o pescoço e morreu.