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- Falta muito? - Aquela era a 5a vez que Duque perguntava
em menos de meia hora.
- Já estamos quase chegando. - Também era a quinta vez que Stiff
respondia a mesma coisa.
- Você sempre diz direto.
- E você pergunta o mesmo a todo instante. Sabe, se você acha que o
caminho é longo, podemos dar meia volta e voltar pro nosso canto.
Talvez, seu aniversário de 12 anos não seja tããão importante
assim e você goste de usar essa prótese velha. - Aquilo era uma
malinagem muito grande. Stiff sabia que o Duque estava extremamente
ansioso e empolgado com a ideia.
- Você não seja louco de propor isso, Stiff – Ann falou ao fundo
dos dois amigos. Ela vinha mais atrás de mãos dadas com Vivi. -
Estamos caminhando há quase 2 horas em busca dessa feira, já tive o
trabalho achar descobrir o evento, achar a hora e o lugar. Nem com
reza braba, vamos voltar para casa sem um braço novo para o Duque.
Mas bem – ela suspirou – podemos fazer uma pequena pausa para
descansar. O que vocês acham?
- É, acho que o evento não vai sair do lugar, se sentarmos por uns
5 minutos. - Stiff estava concordando, mas, vendo o desânimo na
cara do grande amigo, ele completou – Duque, o que você acha de ir
um pouco na frente e ver se você consegue descobrir aonde que é
mesmo essa feira.
- Pode deixar com o grande D aqui. Se a gente depender do senso de
direçando do grande líder branco, vamos acabar parando na China. -
E saiu ouvindo os protestos de Stiff que ele sabia muito bem para
onde ia.
Ann e Stiff se sentaram numa marquise do lado da rua enquanto Vivi
ficou brincando com uma fila de formigas que subiam pela parede. Ann
puxou seu velho computador portátil e Stiff ficou olhando para a
mais nova amiga e suas formigas. Quando Vivi se afastou um pouco
mais, Stiff se virou para Ann e disse:
- Ela continua ainda quietona?
- Quem?
- O lado feminino do Duque que não é – Stiff mostrou a língua
para indicar que estava brincando - Claro que estou falando da Vivi.
Sabe, ela está com a gente há uns 2 meses, mas fica sempre
quietona. Queria saber mais o que ela pensa.
- Ora, ora, quem houve você falando até parece acreditar que você
é um grande líder – Agora foi a vez de Ann mostrar a língua
indicando que era uma brincadeira. - Não se preocupe, o jeito dela é
assim. Às vezes, ela chora enquanto dorme. Acho que ela já deve ter
sofrido bastante. Dê tempo ao tempo, logo ela vai se abrir.
- É, talvez – Stiff respondeu olhando fixamente para a pequena
amiga.
- Tem algo que te incomoda?
- É que... às vezes... Sabe...
- Você conseguiu começar três vezes e não dizer nada. Acho isso
uma habilidade incrível.
Stiff respirou fundo e tentou colocar todos os seus pensamentos para
fora.
- Às vezes eu me pergunto se ela gosta da gente e da nossa
companhia. Sabe, a gente só bateu nuns caras que estavam incomodando
ela e dizemos: Menina, venha. Ás vezes, acho que a gente não fez
bem em chamar ela e que ela só não faz nada porque não sabe mesmo
para onde ir.
- Acho que gostava mais dessa conversa quando você só começava as
frases. - A garota responder.
Um humpf mal humorado foi o que ela recebeu.
- Stiff – a amiga começou no seu tom mais maternal e adulto – A
Vivi gosta da nossa companhia e gosta da gente. Ela só é mais
quieta. Você não precisa se preocupar tanto assim.
- Vocẽ acha mesmo?
- É claro.
O garoto sorriu. As brincadeiras e comentários sobre ele ser ele ser
o líder eram apenas uma forma descontraída de mostrar a posição
que ele acabou ocupando no trio (agora quarteto).
- Bem, fico mais tranquilo em ouvir isso. Mas onde será que o Duque
está? Já faz uns 10 minutos que ele...
- ACHEI. CARALHO. É ENORME.
A voz e os berros do amigo chegaram muito antes dele.
- CARALHO, A FEIRA É ENORME.
- Duque, manere os modos. Lembre-se que você está na presença de
duas damas.
O Duque parou, colocou a mão não mecânica em cima dos olhos e
retrucou.
- Sério? Cadê? Eu preciso me desculpar com essas duas damas.
Um chute na canela foi a resposta que ele recebeu.
- Ai. Isso dói.
- Pessoal – Stiff resolveu intervir antes que aquilo virasse uma
discussão sem fim. - Acho que podemos seguir. Duque, leve a gente.
O quarteto seguiu a caminhada. Duque levava a Vivi em cima dos ombros
para que eles pudessem fazer uma velocidade maior. A criança não
pesava quase nada para o alto e forte negro.
Depois de uns 15 minutos de caminhada, finalmente entraram no evento.
A feira de doação de próteses era um evento beneficiente
organizado pela Força da Liberdade e Diplomacia. Uma orgnanização
mais ou menos recente cujo principal foco era em fazer atos de
caridade e apoio para os Homo Sapiens e
Homo Divinos. A idéia
do evento era doar e distribuir uma série de próteses apreendidas
pelo governo em vários outros locais do mundo.
O evento
era enorme. Ele ocupava todo um parque. Stiff calculou que o parque
deveria medir uns 4 ou 5 km². Havia uma estrutura que parecia ser um
grande cachote de lona branca e metal de uns 400m² com uns 3 ou 4m
de altura. Ao redor havia várias pequenas tendas de circuo de uns
2,5 metros. Ao contrário da tenda centrarl, as tendas de circo eram
amplamente coloridas.
Apesar disso, não haviam muitas pessoas nas tendas, ainda. A
multidão de pessoas estava concentrada na frente de um grande palco
colocado na margem oeste do parque.
Quando
o grupo chegou perto do palco principal, eles ouviram os aplausos com
uma pequena mulher de
seus 35 anos subindo.
Ela caminhava de forma confiante e com os ombros retos. Os cabelos já
estavam mais claros do que escuros, mas ela parecia ter sido uma
mulher bem bonita, mas parte da belza fora retirada pelas
preocupações do dia-à-dia.
- Boa tarde, à todos. Como foi
anunciado, eu sou a Doutora Ângela e estou representando a FLD nesse
evento. Ao contrário do nosso mestre de cerimônias, não sou tão
habilidosa com as palavras, mas desejo de transmitir a todos os
desejos da FLD para o bem de todos e uma convivência harmoniosa
entre sapiens, divinos
e robóticos.
Mas, qualquer coisa a mais do
que isso é só enrolação, esse evento é uma festa de integração
e confraternização, vamos nos divertir.
Pausas
e gritos de vivas. Vinham de todos os lados enquanto
a doutora Ângela deixava o palco seguida por dois homens:
um japonês baixinho e com cara de sério que ficava olhando de um
lado para o outro e um alemão grande e corpulento que parecia ter
mais interesse na mesa de comida do que em todo o resto do evento.
Outro
homem subiu ao palco. Ele era bem mais enérgico e confiante. Stiff
calculou que ele deveria ser o mestre de cerimônias. Quando os
ânimos se acalmaram, ele começou:
- Vocês ouviram a doutra. Hoje é
um dia para festejar e comemorar. Apenas lembrando que os
interessados em conseguir as próteses, deverão se dirigir à tenda
principal para fazermos um pequeno cadastrado e alguns exames. Além
dessa principal atração, teremos vários brinquedos e comida para
aqueles que quiserem aproveitar com seus amigos e familiares. A feira
de doação de próteses vai
até às 18:30. Depois disso, vamos ter um grande show com a banda os
novííííííííííííssimos
menudos. - Mais aplausos e
gritos.
- Vocês ouviram o cara do palco – Stiff se virou e falou para os
amigos. - O Duque vai para a tenda principal, enquanto todo mundo que
não for grande e feio vai poder curtir a feira.
- Há, há, há. Se eu não estivesse tão animado com a idéia de
ter um braço novo, eu iria te mostrar quem é o grande e feio. -
Disse Duque enquanto se separava do grupo, mas ele não iria poder
perder a última palavra. - Aproveite enquanto você ainda está
inteiro, porque o seu Stiff-do não vai ser nada comparado com meu
novo braço.
Com as meninas indo para um lado e o Duque indo para o outro, Stiff
acabou ficando sozinho. Após pegar um sorvete, ele pode observar
melhor a feira. Apesar de ser uma feira beneficiente com muitas
tendas que lembravam pequenas tendas de circo, o jovem notou que
havia bastante segurança. Ele conseguiu ver pelo menos uma dúzia de
homens com calça e camisa preta com a palavra “Apoio” nas
costas. Além disso, ele conseguiu ver pelo menos umas quatro ou
cinco câmeras de segurança colocadas em pontos estratégicos para
conseguir ver todo o terreno. Aquilo estava deixando ele incomodado,
ele nunca se dera muito bem com autoridades, principalmente quando
ela parecia agir como se estivesse no meio de alguma guerra.
Depois de quase uma hora nessa inquientação. Ele não conseguiu
resistir as preocupações e foi falar com Ann. Talvez a moça
conseguisse dar uma olhada nas câmeras e conseguisse ver se o
grandão estava bem.
Ele encontrou elas brincando na piscina de bolhinhas. Vivi estava se
divertindo bastante tentando construir um grande monte com bolhinhas
e se ria toda quando o monte desmoronava.
Não foi difícil para Ann conseguir acessar o sistema de câmeras do
local. Apesar de ser tão nova a menina já era uma boa hacker –
claro que o fato de ela conseguir conversar e usar uma telepatia
primitiva com os computadores ajudava muito ela nessa tarefa.
- Então, ele ainda está na fila para os exames. Ele tá bem perto
da margem leste, um pouco mais para o meio. Sério, Stiff, tem muita
gente aqui e o Duque parece estar meio sozinho. Acho que é uma boa a
gente ficar com ele. Sabe, ele iria se sentir, OH MEU DEUS. O QUE É
ISSO?
A exclamação da amiga veio quase que ao mesmo tempo que um clarão
e um pouco antes do som alto de várias explosões.
BAM. BAM. BAM.
O caos foi quase que instantâneo. Muitas pessoas próximas, muitas
pessoas sem treinamento militar, muita gente se esbarrando. Levou
alguns segundos para que Stiff compreendesse o que estava
acontecendo: alguém tinha atacado o evento e jogado uma série de
explosivos no local.
E a Vivi começou a chorar.
Era difícil ser ouvido com todo esse barulho e movimento e o rapaz
teve que berrar para que seu time conseguisse ouvir.
- ANN, PRECISAMOS SAIR DAQUI.
Ele puxou as duas meninas e os três foram correndo em direção da
saída mais próxima.
Com algum trabalho, os três logo saíram.
Ao se encontrarem, no lado de fora, eles foram recebidos por algumas
pessoas do grupo de apoio. Ann pegou a Vivi no colo e tentou fazer
ela se acalmar enquanto Stiff foi procurar o Duque se perguntando se
estava tudo bem com amigo. Duque não falava no assunto, mas ele e
Ann sabiam que rapaz tinha perdido o braço num acidente que
envolvia os seus poderes, fogos e explosões.
Depois de dar uma volta ao redor do terreno aos saltos longos, Stiff
voltou para junto das amigas, Vivi já tinha se acalmado e estava
chupando o dedo no colo da Ann.
- Nada?
- Nada. - A preocupação era nítida no rosto do rapaz. - Acho que
ele está lá dentro. Preciso entrar.
- Stiff, não tem como olha. O tamanho das chamas, isso é coisa para
você se machucar.
- Não tenho opção. O Duque não me deixaria na mão. Não vou
pisar na bola com ele. - E vendo a cara de preocupação na amiga,
ele completou – E nem com você. Vocês sempre me chamam, de líder,
está na hora de eu agir como um. - Ele se virou e começou a saltar
em direção da tenda principal.
Stiff resolvou seguir primeiro para o centro e depois ir procurando
as salas para o leste. O fogo passou por um efeito interessante com a
tenda. Por causa do calor, a lona derreteu e caiu. Isso deixou o
local com um cheiro terrível e com muita fumaça. Contudo, como não
havia mais teto no local, a fumaça estava se dissipando mais
facilmente.
Stiff seguiu o caminho. Ao chegar, no centro do local, ele começou a
pular. Ele sabia que não conseguia voar, apesar de chegar muuuuuito
perto de ter umas quedas mais suaves. Porém, ele conseguia pular por
quase 5 metros de altura e issofazia com que ele pudesse ver bem o
que sobrara da tenda central do evento.
E foi isso que ele fez. A fumaça já estava irritando os olhos e a
garganta, mas ele tinha que continuar. Cada pulo, cada berro, cada
olhada era um pouco mais perto que Stiff chegava de poder resgar o
amigo.
O esforço foi bem recompensando. Duque estava deitado, no lado de um
corpo, ele estava sem a prótese esquerda e a mão direita estava
esmaga por uma das barras que davam sustentação a tenda.
Ao encontrar o amigo, Stiff foi correndo a toda velocidade, saltando
de ponto em ponto para chegar mais perto o quanto antes. Duque estava
tão concentrdo na tarefa de tetar se livrar da barra que não viu
quando o pequeno amigo apareceu.
Se aquela maldita barra não fosse tão pesada, ou se pelo menos ele
estivesse em uma boa posição, ele iria conseguir sair. Ele sabia
que tinha dado sorte pelos reflexos rápidos do doutor que se
sacrificou, mas aquele diabo de barra era difícil de mexer. Porra,
como aquilo doia. Mesmo estando meio anestesiado por causa dos
exames, aquilo estava doendo pra caralho. Se, ao menos, ele estivesse
com o braço mecânico, dava para levantar essa porcaria. Por que
tinha que ser com ele? Sempre com ele? De novo fogos e explosões. Na
última vez, ele perdera a casa, a família e um braço. O que ele
iria perder para o fogo dessa vez?
- Duque? - O pequeno amigo chamou porque não queria assustar o
grandão ou sair puxando alguma coisa. - Você precisa de ajuda?
Mesmo nas piores situações, Duque sempre tentava manter o bom
humor. A Ann é toda séria e madura, a Vivi fica no mundinho quieto
dela e o Stiff tá sempre muito ocupado tentando pensar na segurança
e proteção de todos que sempre esquece que muitas vezes as pessoas
precisam mais de um bom abraço ou uma boa piada do que de uma
refeição decente em algum lugar abrigado. E é por isso que o
grandão se virou para o pequeno amigo e não conseguiu deixar a
oportunidade passar.
- Nop, Stiff, estou aqui super de boa. Talvez você possa ir em
alguma sala e me preparar uns marshmallows. Eu faria isso, mas meu
braço bom está em algum aqui perto e o ruim resolveu olhar esse
espaço entre a barra e o chão mais de perto. Mas, se isso for muito
trabalho, você pode só levantar um pouco essa barra que eu consigo
fazer o resto.
Aliviado por ver que o amigo estava bem e de bom humor, Stiff se
posicionou para levantar a barra. Era algo bem difícil por causa do
peso. Se ele fosse um sapiens ele não iria conseguir
levantar. Mas ele era um divino e tinha todo o apoio da sua
telecinese para fazer mais força. Ele só precisava clarear a mente
e deixar a energia fluir. Era só esquecer a fumaça, o calor, as
narinas ardidas, os olhos lacrimejando e a garganta seca. Naquele
momento só existiam 2 coisas que importavam: a barra e a energia.
Ele só precisava sentir os dois e fazer eles interagirem.
Depois de alguns segundos de concentração, Stiff levantou a barra.
Por baixo dela, a mão orgânica do Duque estava esmagada. Olhando
daquela forma, Stiff ficou em dúvidas se existia algum osso não
quebrado e como que o grandão ainda estava de pé.
- Não se preocupe com isso, me deram tanta coisa pra tomar que nem
se eu quisesse, eu conseguiria sentir isso doendo. - Duque mentiu,
mas vendo que o amigo ainda mantinha aquela cara de preocupação,
ele viu que precisava usar uma outra tática: dar uma preocupação
maior para o líder. - Então, assim, se você não se importar
muito, o que você acha de me ajudar a dar no pé daqui. Se você não
notou, essa era uma das barras de sustentação, da tenda-hospital e
não sabemos por quanto tempo mais, isso vai ficar de pé.
E eles saíram. A caminhada era difícil porque tinha que fazer
muitas voltas e aquele inferno parecia estar ficando cada vez mais
quente.
Depois de vários instantes, finalmente acharam um caminho que dava
para a rua. Era só continuar reto por mais uns 15 metros por dentro
da tenda principal e contornar a quadra até onde as meninas estavam.
O plano era arriscado, porque a tenda estava queimando bastante, mas
era a melhor saída que eles tinham. Eles só precisavam ser rápidos.
Eles mal deram os primeiros passos quando tudo aconteceu. Pareceu
acontecer ao mesmo tempo. Talvez tenha acontecido ao mesmo tempo.
O calor fez uma das barras de sustentação se expandir. Com a
espansão e por estar preso ao chão, a força, que deveria ser
distribuída, acabou sendo amentada e a barra cedeu. Nisso, parte da
estrutura caiu e o peso das barras foi levando as outras que levaram
outras e toda a tenda caiu em cima deles.
Num instante Stiff via fogo e calor. No outro, ele ouviu os barulhos,
por fim, ele não viu mais nada e tudo ficou preto.
Ele primeiro sentiu a claridade antes de qualquer coisa. Então ouviu
os sons, a respiração suave, alguns pássaros próximos e uma
conversa bem leve ao fundo. Ele parecia estar deitado em um colchão
duro, seu corpo estava dolorido, queimado e enfaixado mas era a
cabeça o que incomodava, parecia que haviam encravado vários
ganchos em diferentes locais e agora estavam puxando todos ao mesmo
tempo.
A idéia de continuar com os olhos fechados e voltar a dormir até
que a cabeça voltasse ao normal era tentadora, mas ele sentiu que
havia outra pessoa ali no quarto. Seu instinto de sobrevivência
falou mais alto e ele acabou se ajeitando na cama e abrindo os olhos.
O quarto parecia ter uns 3 metros quadrados, no centro ficava a maca
de hospital onde ele estava deitado, na esquerda havia um janelão
com as cortinas abertas e de onde vinha toda a claridade do local, no
lado das macas havia um criado mudo com um balão de gás hélio
colorido, na parede do lado havia um sofá mais comprido onde um
acompanhante poderia deitar à noite em cima do sofá, havia um
japonês com cara de sério que acabara de fechar seu exemplar de A
Arte da Guerra e estava encarando o jovem na maca.
Stiff analisou bem o japonês: deveria ter uns 30 ou 35 anos, a
postura era firme e o olhar determinado, estava vestindo uma calça
jeans escura e uma camisa social cinza. Apesar disso, era possível
notar que ele estava carregando algo que lembrava bastões curtos.
Todo o seu corpo mostrava que além de estar sendo avaliado, ele
também estava avaliando o rapaz na maca.
Depois de muitos segundos segundos se um silêncio quase opressor,
Stiff não resistiu e teve que quebrar o silêncio:
- Os meus amigos. Eles estão bem?
Mais alguns segundos de silêncio.
- Sim. Eles estão. - A voz do japonês era grave e calma. - Por
sinal. Eles estão de parabéns, se não fosse à menina mais velha
ajudar nas buscas e a mais nova auxiliar os nossos médicos, iríamos
ter umas 30 ou 40 baixas à mais.
- Posso ir vê-los?
- Assim que nós terminarmos aqui. Eles estão na sala do lado e
ansiosos para falar com você.
Stiff não gostou daquela resposta. Ele não gostava da ideia de
fazer o que quer que fosse sem saber que seu grupo estava bem, mas o
tom do homem foi incisivo o suficiente para dizer que aquela era uma
decisão que não iria mudar.
E o homem continuou: - Primeiramente, do que você se lembra?
Stiff, tentou forçar a memória, mas esse exercício se mostrou bem
doloroso, porque alguém parecia puxar com mais força os ganchos da
sua mente.
- Não me lembro de muita coisa. Me lembro de ter conseguido achar o
Duque, que achamos uma saída, mas algo deu errado e toda a tenda
caiu em cima da gente. Me lembro de ter pensado que eu iria morrer
sem saber como era a neve e que se eu tivesse uma grande bola ao meu
redor, eu poderia proteger a mim e ao Duque.
- Interessante. Bem, foi esse seu pensamento e a criatividade do seu
amigo que salvou vocês. Mesmo sem saber, você conseguiu usar a sua
telecinese para criar um campo de força ao redor de vocês dois. Ela
foi tão forte que conseguiu segurar o peso sobre vocês enquanto o
Duque fazia pequenas explosões bem acima de vocês para indicar a
posição, como um sinalizador.
Stiff sorriu. Ele sabia qual era o poder do Duque e como o grande
amigo se recusava a usar sua habilidade por medo de ferir alguém.
- Mas bem, agora posso ver meus amigos?
- Não acabamos ainda, garoto. - O homem suspirou – Como eu disse,
vocês impressionaram muita gente nesse evento. Vimos que vocês são
crianças de rua e gostaríamos de convidar vocês para trabalhar
conosco para ajudarem a construir um mundo melhor para os divinos,
os sapiens e os robôs.
Stiff ia levantar o dedo para fazer uma pergunta, mas o homem se
levantou e foi mais rápido.
- Antes que você pergunte, já falamos com seus amigos e todos
concordaram em seguir a decisão do líder. O que você decidir, eles
vão aceitar. Então eu pergunto: você quer se juntar à Frente de
Liberdatação dos Divinos?
Dessa vez foi Stiff quem suspirou. Aquele homem, aquele desconhecido
estava dando a oportunidade que ele esteve buscando desde quando ele
conheceu o falecido Tio Bob e viu que o mundo não precisa ser da
forma confusa e errada do jeito que está. Mas Stiff era de natureza
desconfiada e não iria se jogar tão imediatamente nessa tal de
Frente.
- O que nós vamos ter que fazer nessa Frente de Libertação dos
Divinos?
- Inicialmente, vocês vão receber treinamentos de acordo com as
capacidades e habilidades de vocês. Depois, vão ser colocados em
diferentes missões de acordo com o resultado dos treinamentos. Até
isso acontecer, vocês permanecerão nessa base.
- Que tipo de missões são essas?
- Isso varia. O braço militar é responsável por 5 principais
grupos de atividades: Ataque e execução, proteção, busca de
informações, suporte e limpeza.
- Bem – concluiu Stiff – quando começamos?
- Nossa, tudo isso é vontade de trabalhar?
O jovem garoto encarou seu futuro mentor e, com um sorriso
zombateiro, respondeu – Claro que não, isso é vontade de ver como
estão meus amigos.
Nisso, o homem soltou uma gargalhada e se dirigiou à porta.
- Realmente, você é um garato fora de série. Vou chamá-los. - E
abriu a porta – À propósito, meu nome é Cheng. Tenente Cheng.
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